domingo, junho 05, 2005

Daslu e Miséria

Os meios de divulgação noticiam hoje a festa de inauguração das novas instalações da loja Daslu, na Vila Olímpia, junto à marginal do Rio Pinheiros, em São Paulo. Com o nome de Vila Daslu, esse empreendimento de Eliana Tranchesi é voltado para a elite brasileira, que não se envergonha de gastar seu dinheiro em marcas famosas, pagando preços que só mesmo a elite pode pagar.

O que há de melhor, exclusivo e mais caro poderá ali ser comprado, por quem a tanto se disponha, já que o único diferencial entre os compradores e os não-compradores haverá de ser o saldo da conta bancária ou a existência ou inexistência de limite de gastos em seus cartões de crédito.

Diante desse templo do consumismo elitista, há quem condene essa iniciativa de uma empreendedora do setor privado, como se estivesse cometendo alguma heresia. Esses críticos consideram um absurdo que alguém se disponha a gastar tanto dinheiro com produtos de luxo, enquanto muitos, neste País, mal tenham onde morar ou o que comer.

Não concordo com essa visão crítica. Primeiro, porque o sucesso empresarial gera empregos e faz a economia movimentar-se. Já o insucesso só leva à falência e ao desemprego. Segundo, porque o dinheiro gasto na compra desses produtos de luxo é dinheiro de particulares e não direito do público, de qualquer órgão oficial. Teceiro, a atividade desse empreedimento comercial gera, também, arrecadação tributária.

Por isso mesmo, bem fez uma socialite carioca ao promover rica e agitada festa para comemorar o aniversário de sua cadela de estimação. Melhor isso do que deixar seu dinheiro parado e sem qualquer função social. Basta assinalar que essa festa movimentou várias lojas de roupas, sapatos, perfumes, institutos de beleza, floriculturas, bufes, etc., pelo grande número de "madames" convidadas pela anfitriã.

Pobre não é o pais que tenha elites. Mas aquele que nem isso chegue a ter. Pobre é o país que não crie condições para seus habitantes sairem da miséria ou da pobreza. Pobre é o país em que o mais aquinhoado seja mal visto, ao invés de servir de inspiração para os demais que pretendam sair da miséria ou da pobreza. Pobre é o país cujos governantes insistam em políticas protecionistas, ao mesmo tempo em que impedem o cidadão de escapar desse grilhão da dependência. Pobre é o país que dificulte o desenvolvimento da livre iniciativa, por leis anacrônicas, de errônea inspiração ideológica, em que o Estado se sobreponha ao indivíduo e se transforme em instrumento de domínio da classe burocrática sobre a classe não burocrática, isto é, patrões, empregados e profissionais autônomos que lutam por melhores condições de vida, pela busca de educação, saúde e progresso, com ou sem a presença do Estado.

Temos, sim, de criar mais elites no Brasil. Elites na indústria, no comércio, no setor de serviços, entre empresários e trabalhadores, com ou sem vínculo empregatício. Um país sem elites é um país nivelado por baixo. Um país de medíocres, sem aspirações. Um país fadado ao insucesso e à dependência de favores de alguns grupos ou de outras nações.

Que venhamos, pois, a criar no País, condições para que aumente o número de pessoas com recursos até mesmo para se darem ao luxo de fazer compras numa Vila Daslu ou promover festas para seus animais de estimação. Sem se envergonharem com isso.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Concordo plenamente Plínio. A Daslu é um case de sucesso empresarial . A péssima distribuição de renda do país é gerada pela ambição, corrupção e inoperância que reina no cenário político brasileiro. Os empresários não têm culpa disto . Êles apenas não produzem mais porque os próprios políticos não deixam através da arrecadação mosntruosa, dos juros altos e da corrupção que draga recursos que deveriam aplicados na melhoria das condições de vida dos brasileiros.

11:41 PM  

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